domingo, 26 de fevereiro de 2012

O MENSAGEIRO DE SANTO ANTONIO

O Tio Toni era devoto de Santo Antonio, parece óbvio, mas não sei dizer qual a razão de escolher especificamente Santo Antonio até porque o tio Toni morreu solteiro, acho que alem de homónimo o tio sempre esperou uma graça em forma de casamento. Especulações fúteis à parte o fato é que o Tio Toni assinava a revista Mensageiro de Santo Antonio, que eu sempre acreditei vir da Itália. Ele tinha e guardava todos os números num guarda roupas de duas portas, tinha centenas delas, acho até que as lia. Eu sempre pegava uma punhado delas e ficava folheando, ele nunca se importou com isso, engraçado que a imagem que tenho dele é de um senhor de muita idade sempre descontente com as pessoas e com as coisas, figura muito difícil de lidar, cheio de costumes e manias. Quando ele morreu seu espólio era tão somente duas pilhas de revistas uma do Mensageiro e outra de uma grossa revista de esportes toda ilustrada e com impressão em cores chapadas basicamente amarela e azul e uma fotos de atletas e jogadores muito reticuladas. Era algo ligada a Gazeta Esportiva, mas não tenho certeza. Que fim levaram? Aos poucos foram sendo picotadas pelas crianças da família, foram sendo rasgadas e queimadas. Quando busquei uma imagem da capa da revista - O Mensageiro - descobri que a revista é feita em Santo André-SP, e isso, hoje, me deixou um pouco sem graça, achava que vinham da Itália, eu achava que tudo era mais grandioso e internacional. Lembro que uma vez saiu numa pagina de graças alcançadas uma foto em 3 x 4 de meu pai, achei aquilo o máximo, ter uma foto de meu pai numa revista internacional, como ele morreu em seguida, desconfio que tampouco a graça fora alcançada... pôxa, nem a revista era italiana nem a graça fora alcançada, que golpe, que banco de memórias mais mal fundamentado.
Não importa, faz parte da história da família a revista religiosa e a revista esportiva numa definição muito precisa da personalidade do Tio Toni, voltado para o esporte como um dos fundadores do Meninos Futebol Clube - do qual deixou também em seu espólio uma linda flâmula - e para uma profunda religiosidade.

AS PORTAS DE TELA DO NONO PAULO


O nono Paulo fazia e instalava umas excelentes portas de tela na entrada da cozinha das casas. Normalmente na época as pessoas usavam cortinas de tirinhas para evitar que moscas entrassem na cozinha, o nono fazia sua portas bem parecidas com a imagem acima, quase sempre na cor azul clara prá combinar com as paredes eternamente pintadas em cal na cor amarelo canário.
As postas abriam para fora e tinham um elástico feito com uma tira de borracha de câmara de pneu que mantinha a porta sempre fechada. Inevitavelmente isso fazia a porta bater com força no batente depois que passávamos por ela, e sempre alguém reclamava e dizia: Não bata a porta!
Eu quando comprei minha casa, a primeira coisa que fiz foi colocar uma porta de tela, em 20 anos estou na segunda porta, esta última muito mais bem acabada e robusta, substituí o elástico por uma mola que comprei numa casa de peças de automóveis - é da linha de peças da Mercedez Bens... Aqui como no passado o problema continua sendo bater fortemente a porta, alguém sempre leva uma bronca por isso.
Um forte lembrança da casa dos nonos.